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Teoria Política do MN Brasileiro – Parte I (item 3)

3.         Desigualdade sociorracial e Políticas Públicas

Apresentamos, a seguir, dados relativos à posição de desvantagem social em que se encontra a população negra do País; complementados por uma abordagem sobre a elaboração e implementação de políticas públicas pelo governo federal ao longo das últimas décadas[1].

3.1       Quantos somos e onde estamos

Os brasileiros afro-descendentes constituem a segunda maior nação negra do mundo (Jaccoud & Beghin, 2002), atrás somente da Nigéria: somos 76,4 milhões de pessoas, o que corresponde a 45% dos habitantes do Brasil. Como pode ser visualizado na Tabela 1 Distribuição da população por UF, segundo cor ou raça, 2000 -, a população negra encontra-se distribuída em todas as unidades da Federação, mas concentra-se, proporcionalmente, mais em alguns estados: em 18 das 27 Unidades Federativas, os negros são majoritários, isto é, mais de 50% das pessoas declaram-se pretas ou pardas. Os estados da Região Sul são os que possuem menores porcentagens de população negra: Santa Catarina tem 9%; o Rio Grande do Sul, 13%; e o Paraná, 20%. São Paulo também se destaca pela baixa porcentagem de negros na população: 27% de seus residentes declaram-se pretos ou pardos.

Note-se que, embora a proporção de negros na população paulista seja reduzida, nesse estado viviam, em 2000, 13% dos negros brasileiros, algo em torno de 10,1 milhões de pessoas.

Em razão das diferenças nas dimensões das populações de cada Unidade da Federação, nada menos que 68% dos negros veem-se concentrados em apenas oito estados, relacionados, a seguir, por ordem decrescente de porcentagem da população total: São Paulo (13%), Bahia (13%), Minas gerais (11%), Rio de Janeiro (8%), Ceará (6%), Pernambuco (6%), Pará (6%) e Maranhão (5%). [2]

 

image002

Distribuição Regional

Vemos, na Tabela 2 – Distribuição Regional da População segundo a Cor (Henriques, 2001) -, que a Região Sul, que dispõe de 15,3% da população nacional, é composta preponderantemente por brancos; 83% de seus habitantes declaram-se dessa cor. Na Região Sudeste, que concentra a maior parte da população brasileira (43,7%), observa-se que 64% de seus habitantes declaram-se brancos, e 34%, negros. Os habitantes das Regiões Nordeste e Norte são, em sua maioria, negros e a composição racial dessas Regiões é praticamente simétrica à da população do Sudeste. No Nordeste, onde residem 28,9% da população brasileira, e no Norte, com 5% da população, constata-se que cerca de 70% da população declaram-se negros. Na Região Centro-Oeste a distribuição racial é mais equilibrada e quase simétrica à distribuição nacional, com 53% declarando-se negros e 46%, brancos.

Tabela 2

Distribuição da População Regional segundo a Cor —1999

                                                                                                  (Em %)

Cor Regiões
Centro-Oeste Nordeste

Norte

Sudeste

Sul

Amarela

0,37

0,08

0,17

0,75

0,49

Branca

46,21

29,72

28,12

64,02

83,62

Indígena

0,46

0,08

0,84

0,07

0,21

Parda

49,42

64,49

68,55

28,42

12,64

Preta

3,53

5,62

2,32

6,72

3,03

Total                  100              100             100               100

100

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1999.

3.2  Como se distribui a Educação

No que se refere à situação educacional, a população negra apresenta grande desvantagem em relação à branca, como se pode ver na Tabela 3 – Taxa de Analfabetismo e Média de Anos de Estudo segundo Cor ou Raça, 1995-2001 (Jaccoud & Beghin, 2002). Assim, por exemplo, a diferença em anos de estudo mostra-se praticamente estável, em torno de dois anos, ao longo do tempo, ou seja, na década de 90 os negros não conseguem alcançar mais do que 70% da média de anos de estudo dos brancos. De modo semelhante, observa-se que, mesmo havendo redução da taxa de analfabetismo entre negros e brancos, mantém-se constante a diferença porcentual na taxa, em torno de 10%.

Tabela 3

Taxa de Analfabetismo* e Média de Anos de Estudo segundo Cor ou Raça, 1995-2001

Cor 1992

1993

1995

1996

1997

1998

1999 2001

Taxa de analfabetismo

Brancos

Negros

Total

11%

26%

17%

10%

25%

16%

9%

23%

16%

9%

22%

15%

9%

22%

15%

8%

21%

14%

8%

20%

13%

8%

18%

12%  

Anos médios de estudo
Brancos

Negros

Total

5,9

3,6

4,9

6,0

3,7

5,1

6,2

3,9

5,2

6,3

4,1

5,4

6,4

4,1

5,5

6,6

4,3

5,6

6,6

4,4

5,7

 6,9

 4,7

 6,0

Fonte: IBGE  PNAD, 1995 – 2001. Elaboração Disoc/IPEA  a partir dos microdados.

(*) Pessoas com 15 anos de idade ou mais.
Análise similar pode se fazer em relação à Tabela 4 – Características Educacionais da População Adulta, segundo a Cor dos Indivíduos (Henriques, 2001). Entre os adultos com mais de 25 anos, observa-se melhoria ao longo do período, mas de grau significativamente inferior à observada entre os jovens. Entre 1992 e 1999, as melhorias dos adultos brancos foram relativamente mais intensas do que as dos adulto negros, à exceção da taxa de analfabetismo, em que os negros vivenciam melhoria relativa um pouco mais intensa. Do ponto de vista relativo e considerado o horizonte das possíveis políticas sociais, esse diferencial favorável aos jovens, apesar de ainda insuficiente, pode ser interpretado de modo positivo, pois sugere uma inflexão na tendência da política educacional.

No que se refere à escolaridade média da população adulta em 1999, vê-se que o diferencial entre brancos e negros é de 2,3 anos de estudo, confirmando a tendência histórica. A taxa de analfabetismo entre os brancos com mais de 15 anos, em 1999, é de 8,3%, enquanto para os negros é de 19,8%. A taxa de analfabetismo entre os jovens de 15 a 25 anos é, felizmente, menor, porém o diferencial de 11,5 pontos porcentuais na taxa de analfabetismo indica o fortíssimo viés de exclusão imposto à população negra do País. Tomados os analfabetos funcionais, os adultos com menos de quatro anos de estudo, observa-se que 26,4 dos brancos se enquadram nessa categoria, contra 46,9% dos negros. Portanto, em 1999 tem-se um diferencial de mais de 20 pontos porcentuais entre negros e brancos, e quase a metade da população negra com mais de 25 anos pode ser considerada analfabeta funcional.

No Gráfico 1 – Porcentagem da População com Escolaridade Igual à 8ª Série do Ensino fundamental (Carvalho, 2006), apresentado logo depois, pode-se verificar que há uma defasagem crônica entre a porcentagem dos brancos e negros que conseguem alcançar escolaridade igual à 8ª série do Ensino Fundamental, ou seja, apesar de haver um aumento no porcentual de pessoas aptas a cursar o Ensino Médio, entre as nascidas entre 1929 e 1974, há um persistente diferencial de 2% entre as raças.

Esses números mostram que políticas universalistas de erradicação do analfabetismo tendem a favorecer a população negra, durante certo período, já que esta é majoritária nesse segmento. Entretanto, a partir da 8ª série, em que o ensino tende a capacitar mais o indivíduo para as atividades da vida adulta, o branco brasileiro mantém sua supremacia, ainda que se considere bastante baixo o porcentual de população que atinge esse patamar.

Mais alarmante ainda (principalmente para os negros) é quando se considera o Gráfico 2 – População com Escolaridade Igual à 3ª Série do Ensino Secundário (Carvalho, 2006). As curvas de crescimento, inicialmente paralelas entre os nascidos entre 1929 e 1970, mantendo um diferencial de 6% em relação ao quantitativo de cada segmento, passam a divergir a partir dos nascidos em 1971. Considerando que tal nível de escolaridade seja adquirido pelo jovem em torno dos 18 anos de idade, isso significa que a partir de 1989 o número de jovens negros qualificados para o pleno exercício da cidadania passou a diminuir em relação ao diferencial histórico para os brancos – que já era desvantajoso -, chegando a 10%, com tendência, a partir daí, a aumentar ainda mais a defasagem para os nascidos em torno de 1974.

Quanto aos dados referentes à chegada ao Ensino Superior, desalentadores para a população brasileira em geral, e para os brancos, em valores absolutos, torna-se repetitivo apresentá-los no que se refere às diferenças raciais.

Tabela 4

 

Características Educacionais da População Adulta, segundo a Cor do Indivíduo

(Em %)
Ano

Variação Relativa

1992 1993 1995

1996

1997

1998

1999

Brasil
Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 4 anos de estudo 42,1 40,7 39,1

37,5

37,0

35,8

35,0

-16,9

Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 8 anos de estudo 71,4 70,7 69,3

67,3

66,9

65,5

64,8

-9,3

Pessoas de 25 anos ou mais com mais de 1 1 anos de estudo 7,7 7,8 8,2

8,4

8,7

8,9

9,0

17,5

Número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais 4,9 5,1 5,2

5,4

5,5

5,6

5,7

15,3

Taxa de analfabetismo das pessoas de 1 5 anos ou mais 17,2 16,4 15,6

14,7

14,7

13,8

13,3

-22,4

Brancos
Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 4 anos de estudo 32,5 31,4 29,9

29,1

28,0

27,0

26,4

-18,8

Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 8 anos de estudo 64,3 64,0 62,3

60,8

59,5

58,1

57,4

-10,8

Pessoas de 25 anos ou mais com mais de 1 1 anos de estudo 11,1 11,2 11,7

11,8

12,5

12,8

12,9

16,2

Número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais 5,9 6,0 6,2

6,3

6,4

6,6

6,6

12,6

Taxa de analfabetismo das pessoas de 1 5 anos ou mais 10,6 10,1 9,5

9,4

9,0

8,4

8,3

-21,8

Negros *
Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 4 anos de estudo 55,5 53,9 52,2

49,8

49,7

48,2

46,9

-15,6

Pessoas de 25 anos ou mais com menos de 8 anos de estudo 81,6 80,5 79,4

77,2

77,4

76,1

75,3

-7,7

Pessoas de 25 anos ou mais com mais de 1 1 anos de estudo 2,7 2,8 2,9

3,2

3,2

3,2

3,3

25,2

Número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais 3,6 3,7 3,9

4,1

4,1

4,3

4,4

21,7

Taxa de analfabetismo das pessoas de 1 5 anos ou mais 25,7 24,8 23,5

21,8

22,2

20,8

19,8

-23,0

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1992, 1993,1995, 1996, 1997, 1998 e 1999. Nota: *A população negra é composta por pardos e pretos.

      Gráfico 1

image002

 

  

         Gráfico 2 

image004

 3.3  Quem é pobre neste País

Evidentemente, os diferenciais educacionais repercutindo diretamente sobre as oportunidade dos diversos segmentos raciais do País, não há como os negros, em geral, situarem-se em patamares aceitáveis de qualidade de vida.

A Tabela 5 – Proporção de Pobres segundo Cor ou Raça e Ano (Jaccoud & Beghin, 2002) – apresenta a proporção dos pobres, por cor ou raça, de 1995 a 2001. Os números mostram que a cor da pele se encontra fortemente associada à probabilidade de encontrar o segmento que sofre a mais drástica forma de privação material: a pobreza. Verifica-se que na população brasileira, como um todo, a proporção de pobres permanece estável em 34% ao longo do período 1995-2001. No entanto, uma análise por recorte de cor ou raça evidencia que a pobreza é muito maior entre a população negra. A probabilidade de um branco ser pobre situa-se em torno de 22%; mas, se a pessoa é negra, a probabilidade mais que dobra, ficando em torno dos 48%.

Tabela 5

Proporção de Pobres segundo Cor ou Raça e Ano

(Em %)

Ano Todos Brancos

Negros

1995 34 22

48

1996 34 22

48

1997 34 22

48

1998 33 21

46

1999 34 23

48

 2001 34 22

47

Fonte: IBGE. PNAD, 1995-2001. Elaboração Disoc/Ipea a partir dos microdados.

 Indicadores Habitacionais

A Tabela 6 – Indicadores Habitacionais (1992 – 1999), mostra que ao longo da década de 90 houve, em todo o país, melhoria desses números, em termos porcentuais. Entretanto, o nível absoluto desses indicadores permanece extremamente elevado, em 1999. Por exemplo, chega-se ao final do século com 39% dos domicílos sem acesso a escoamento sanitário adequado, 22% sem acesso à coleta de lixo, 20% apresentando alta densidade e 16% sem abastecimento de água adequado.

A análise desagregada em termos raciais confirma a tendência nacional, visto que as condições de vida expressas por intermédio dos indicadores habitacionais melhoram tanto para a população branca quanto para a população negra. No entanto, considerando a intensidade da evolução relativa de tais indicadores ao longo do período analisado, vemos que a velocidade de melhoria é maior – e por vezes significativamente maior –  para os brancos, em todos os indicadores, à exceção do indicador do material utilizado na construção do domicílio, onde o nível absoluto de precariedade, para os brancos,  já é particularmente baixo.

Assim, apesar da melhoria relativa nas condições habitacionais da população brasileira em geral, os dados da última década do século XX indicam uma trajetória de aumento das diferenças entre brancos e negros, sobretudo nos indicadores e acesso à coleta de lixo, escoamento sanitário, acesso à energia elétrica e abastecimento de água. Esse aumento das diferenças ocorre em um cenário socioeconômico em que os níveis de precariedade das condições habitacionais mostram-se  maiores para os negros, em todos os anos da série e em todos os indicadores. E, o que é mais grave, os níveis absolutos de precariedade dos negros apresentam-se extremamente altos.

Além de ser forçoso salientar  o aumento do diferencial entre brancos e negros, e o fato de os níveis de precariedade das condições habitacionais serem recorrentemente maiores entre os negros, ao longo de toda a série histórica, dois outros importantes elementos do padrão de discriminação racial se destacam. Por um lado, todos os valores dos indicadores habitacionais para a população negra, no ano de 1999, são de pior qualidade em relação aos observados para a população branca em 1992. Por outro lado, alguns desses níveis referentes às famílias negras são extremamente preocupantes, mesmo quando considerado o final da série no ano de 1999 – em particular, os domicílios com escoamento sanitário inadequado (52%), sem acesso à coleta de lixo (30%), com alta densidade (28%) e com abastecimento de água inadequado (26%).

 Tabela 6

 Indicadores Habitacionais (1992 -1999)

(Em %)

Ano Variação Relativa (%)

1992

1993

1995

1996

1997 1998

1999

Brasil
Domicílios construídos com material não durável

6,7

6,4

6,0

5,9

5,1 5,1

4,6

-30,8
Domicílios alugados

13,8

13,5

12,9

12,2

12,3 12,3

12,4

-10,1
Domicílios não localizados em terreno próprio

10,7

8,8

8,7

8,1

8,1 8,0

7,5

-29,9
Domicílios com alta densidade

26,9

25,8

23,9

23,2

22,3 21,0

20,0

-25,7
Domicílios com abastecimento de água inadequado

25,0

24,1

21,7

18,4

18,6 17,2

16,2

-35,3
Domicílios com escoamento sanitário inadequado

47,6

45,9

44,4

40,2

41,0 39,6

38,8

-18,6
Domicílios sem acesso à energia elétrica

12,3

11,1

9,2

7,9

7,4 6,5

5,8

-53,1
Domicílios sem acesso à coleta de lixo

36,3

33,1

30,7

29,3

25,9 23,8

22,0

-39,2
Brancos
Domicílios construído com material não durável

2,68

2,45

2,31

2,56

1,97 2,08

1,91

-28,7
Domicílios alugados

15,33

15,09

14,42

13,41

13,56 13,64

13,64

-11,0
Domicílios não localizado em terreno próprio

8,40

6,56

6,57

6,11

6,69 6,34

5,88

-29,9
Domicílios com alta densidade

18,26

17,69

16,12

15,84

14,92 13,88

13,35

-26,9
Domicílios com abastecimento de água inadequado

13,31

12,78

10,78

9,46

8,94 8,22

7,85

-41,0
Domicílios com escoamento sanitário inadequado

35,29

34,14

32,51

29,81

29,75 28,59

27,73

-21,4
Domicílios sem acesso à energia elétrica

6,38

5,86

4,73

4,15

3,67 3,05

2,65

-58,4
Domicílios sem acesso à coleta de lixo

25,96

23,59

21,27

20,27

17,62 16,19

15,24

-41,3
Negros*
Domicílios construído com material não durável

11,41

11,06

10,39

10,11

8,78 8,83

7,80

-31,6
Domicílios alugados

11,98

11,64

10,96

10,81

10,79 10,82

10,96

-8,5
Domicílios não localizado em terreno próprio

13,36

11,38

11,26

10,56

9,75 10,05

9,42

-29,5
Domicílios com alta densidade

37,30

35,69

33,51

32,51

31,14 29,48

27,99

-25,0
Domicílios com abastecimento de água inadequado

39,05

37,82

34,94

29,68

30,29 28,06

26,15

-33,0
Domicílios com escoamento sanitário inadequado

62,53

60,17

58,89

53,24

54,78 53,05

52,12

-16,6
Domicílios sem acesso à energia elétrica

19,31

17,46

14,55

12,58

11,75 10,75

9,44

-51,1
Domicílios sern acesso à coleta de lixo

48,66

44,61

42,09

40,53

35,82 33,02

30,25

-37,8

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1992, 1993, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999. Nota: A população negra é composta por pardos e pretos.

Bens Duráveis

A posse de bens duráveis serve como indicador do padrão de consumos dos indivíduos e, portanto, de seu bem-estar. Na Tabela 7 – Indicadores de Posse de Bens Duráveis (1992 – 1999) –, oito indicadores medem a posse dos seguintes bens duráveis: fogão, geladeira, filtro, máquina de lavar, rádio, televisão em cores, freezer e telefone. Observa-se ali que, no período consignado, todos os indicadores de acesso a bens duráveis apresentaram melhoria.

Entretanto, ao ser desagregada sua posse a partir do recorte racial, observou-se que, apesar da melhoria dos indicadores em termos absolutos, para a população em geral, à semelhança dos indicadores habitacionais, a velocidade de melhoria é maior entre os domicílios de brancos do que entre os de negros.

Somente na posse de fogão e de rádio há convergência no padrão racial de consumo, com maior intensidade na melhoria dos negros em relação aos brancos. Salientando que, ao longo do período analisado, os domicílios habitados por negros permanecem com níveis absolutos de maior privação para todos os indicadores de posse de bens duráveis, pode-se entender que a maior intensidade na busca dos negros por melhoria na forma de consumo de alimentos e de informação prestou-se ao atendimento racional de uma demanda reprimida de prioridades.

O aumento relativo de bem-estar da população expresso no consumo de bens duráveis deriva, em parte, da estabilização macroeconômica do País, na década. No entanto, do ponto de vista racial, a ampliação das diferenças entre brancos e negros, na posse de bens duráveis, indica um vetor de discriminação racial no contexto de estabilidade de preços sem transferência de renda. A simples melhoria uniforme ao longo da distribuição de renda, ou ainda uma melhoria focalizada no extremo inferior da distribuição, tenderia a gerar um avanço proporcionalmente maior para os indicadores de consumo da comunidade negra.

Na seção seguinte, examinar-se-ão os níveis de desigualdade de renda nacionais, comparados com outros países, levantados em 2006 pelo economista Francisco Ferreira, pesquisador do Banco Mundial, e equipe.

Tabela 7

Indicadores de Posse de Bens Duráveis (1992-1999)

                                                                                                                                  (Em %)

Ano

Variação relativa

1992 1993 1995 1996

1997

1998

1999

Brasil
Fogão 2,39 1,57 1,29 1,39

1,08

0,96

0,79

-67,04

Geladeira 29,82 29,82 26,53 22,92

20,56

19,01

18,08

-39,38

Filtro 36,35 35,41 35,44 35,06

36,11

36,94

37,87

4,16

Máquina de lavar 76,73 76,66 74,39 70,49

68,84

68,41

67,95

-11,44

Rádio 15,00 14,91 10,85 9,23

9,31

9,16

9,83

-34,50

Televisão a cores 55,41 51,95 40,83 31,87

26,50

22,34

20,65

-62,73

Freezer 87,77 87,21 84,81 82,14

81,17

80,20

80,29

-8,52

Telefone 82,50 81,86 79,46 76,38

73,57

69,62

63,98

-22,44

Brancos
Fogão 0,77 0,58 0,40 0,53

0,43

0,39

0,30

-61,39

Geladeira 17,72 17,77 15,21 13,06

11,21

9,97

9,69

-45,30

Filtro 28,18 27,88 27,91 28,11

28,62

30,30

31,05

10,16

Máquina de lavar 65,63 65,68 63,23 59,02

57,03

56,73

55,95

-14,75

Rádio 9,54 9,47 7,01 6,15

5,99

6,05

6,59

-30,93

Televisão a cores 42,42 39,08 28,18 21,56

17,11

13,84

12,94

-69,48

Freezer 81,55 80,89 77,92 74,82

73,42

72,58

72,71

-10,84

Telefone 74,82 74,45 71,32 67,91

64,50

59,93

53,51

-28,48

Negros *
Fogão 4,33 2,70 2,32 2,44

1,80

1,63

1,35

-68,80

Geladeira 44,37 44,45 40,35 35,26

31,85

29,95

28,12

-36,62

Filtro 44,16 42,72 42,73 42,02

43,43

43,37

44,42

0,59

Máquina de lavar 90,28 90,37 88,37 85,11

83,43

82,86

82,64

-8,46

Rádio 21,54 21,49 15,52 13,06

13,33

12,92

13,69

-36,43

Televisão a cores 71,22 67,81 56,38 44,86

37,92

32,65

29,94

-57,96

Freezer 95,38 95,08 93,38 91,49

90,72

89,61

89,57

-6,10

Telefone 92,09 91,31 89,85 87,37

84,88

81,76

76,89

-16,50

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1992, 1993, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999. Nota: A população negra é composta por pardos e pretos.

Desigualdades de Renda

Tabela 8

Brasil 1981-2004: Renda e Taxas de Desigualdade

Ano

Renda

Mediana

Gini[3]

E(0) E(l) E (2)

Média

1981

336.7

173.2

0.574

0.613 0.647 1.447
1982

348.5

178.9

0.581

0.629 0.669 1.552
1983

273.4

137.5

0.584

0.631 0.675 1.515
1984

273.2

136.3

0.583

0.626 0.679 1.464
1985

331.7

163.4

0.589

0.649 0.696 1.622
1986

483.6

249.4

0.578

0.620 0.673 1.637
1987

362.6

181.7

0.592

0.666 0.710 1.791
1988

338.9

161.1

0.609

0.714 0.750 1.742
1989

382.7

170.6

0.625

0.757 0.811 2.212
1990

347.3

167.5

0.604

0.700 0.735 1.767
1992

302.3

162.8

0.573

0.628 0.666 1.876
1993

320.7

157.2

0.595

0.678 0.743 2.308
1995

385.7

190.1

0.591

0.659 0.705 1.627
1996

393.9

194.1

0.591

0.664 0.700 1.609
1997

401.2

198.3

0.593

0.668 0.709 1.739
1998

404.0

203.7

0.591

0.658 0.707 1.672
1999

385.8

198.3

0.585

0.641 0.685 1.530
2001

393.4

199.2

0.586

0.646 0.697 1.661
2002

396.3

204.6

0.580

0.628 0.677 1.522
2003

381.2

201.7

0.575

0.619 0.663 1.474
2004

393.9

210.0

0.564

0.591 0.644 1.618

Obs.: Rendas das famílias per capita, medidas em reais de setembro de 2004.

Fonte: Cálculos dos autores (Ferreira et alii, 2006) a partir das PNADs.

A desigualdade no Brasil, medida pelo Coeficiente de Gini, subiu de 0,574 em 1981 para 0,625 em 1989, como mostra a Tabela 8. Após tal aumento, de 0,051 (ou 9%), essa desigualdade tornou-se a segunda maior do mundo, pouco atrás de Serra Leoa, com 0,629. Desse pico em 1989, o coeficiente de Gini do Brasil caiu para 0,564 em 2004 (queda de aproximadamente 10%), situando-o no décimo lugar de país mais desigual do mundo, à frente de Bolívia, Botswana, República Centro-Africana, Guatemala, Haiti, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Zimbabwe.

A Tabela 9 – Porcentagem de Desigualdade de Renda Total Calculada a Partir de Diferenças Intergrupais –, apresenta dados para uma análise mais avançada da estrutura das desigualdades brasileiras, entre 1981 e 2004. Por meio da variável Rb, que pode ser interpretada como a parcela da desigualdade total atribuída, ou “explicada” por características específicas, pode-se observar que, além da Educação, cujo peso permanece praticamente constante no período, as diferenças raciais[4] “explicam” entre 11% e 13% da desigualdade total. Dessa maneira, a população negra, que já é penalizada nos aspectos educacionais, deve lutar contra mais este fator para avançar rumo a melhor qualidade de vida.

Tabela 9

Porcentagem de Desigualdade de Renda Total Calculada a partir de Diferenças Intergrupais

Grupo

1981

1993

2004

Rb

Rb

Rb

E0

E1

E0

E1

E0

E1

Idade

1%

1%

1%

1%

3%

2%

Educação

38%

42%

34%

36%

35%

38%

Gênero

0

0

0

0

0

0

Raça

n.d.*

n.d.*

13%

11%

12%

11%

Tipo de Família

6

7%

6%

7%

10%

11%

Região

13%

11%

9%

7%

10%

8%

Urbano/Rural

17%

13%

9%

6%

7%

5%

Fonte: Cálculos dos autores (Ferreira et alii, 2006) a partir das PNADs 1981, 1993 e 2004

* Dados não disponíveis

3.4       Políticas Públicas

Formulada em 1893, e aceita como válida até a atualidade, a Lei de Wagner estabelece que “O desenvolvimento é acompanhado por uma maior participação do governo e, portanto, por um crescimento de suas despesas e necessidades de financiamento, mais que proporcional ao da renda nacional”. Hipóteses alternativas a esse compulsório crescimento estariam relacionadas a incentivos implícitos nas instituições fiscais, influenciados, por exemplo, pelo grau de centralização e tamanho do setor público, bem como pelas relações financeiras entre esferas de governo em estruturas federativas.

O PIB brasileiro formal atingiu, em 2009, valor acima de três trilhões de reais, e o informal, quantitativos de mesma ordem de grandeza. A receita governamental, prevista para 2011, será  algo em torno de 1,8 trilhão de reais, mantendo o Brasil como a oitava maior economia do mundo. Com a União gerenciando tais quantias, pode-se entender, então, por que o Estado, como agente econômico, assume papel fundamental para o desenvolvimento do País.

E como, teoricamente, o Brasil vem se apresentando como uma democracia representativa, espera-se que suas ações estejam voltadas, prioritariamente, para o bem-estar de seus cidadãos. Os instrumentos governamentais para implementação de tais ações são as políticas públicas.

O conceito de Política Pública é relativamente novo, desenvolvido a partir das ações propostas por Keynes, nos anos 1930, para que os Estados Unidos pudessem atravessar a crise causada pela Bolsa, de 1929, e às providências adotadas pelo governo para atendimento à população prejudicada pela construção da hidrelétrica componente do projeto integrado da Tennesse Valley Authority – TVA, iniciado em 1934.

Este estudo parte da premissa de que “qualquer conjunto de programas de governo voltado para a sociedade, sistematizado, contínuo dentro de certo período e área de atividade, estruturado em ações, projetos ou atividades, de forma difusa ou compacta, constitui uma política pública”. E será qualificada de acordo com o objeto principal contido em sua área de atuação. Dessa forma, ter-se-á Política Cultural, Política Indigenista, Política Energética, etc.

Nos regimes ditos democráticos, afloraram dois processos distintos para que o governo atenda às demandas dos cidadãos. No primeiro, o Pluralismo Democrático, em que os indivíduos se associam em grupos para atender a seus interesses, a correlação de forças (políticas, em última instância) definirá quem e em que amplitude terá suas demandas atendidas. No segundo, o Centralismo Democrático, os grupos hegemônicos dentro da esfera governamental se reúnem e deliberam quais as questões prioritárias a serem desenvolvidas e a forma e instrumentos para levar a cabo seus objetivos.

Independentemente da forma, do regime e sistema de governo, ambos os processos – que nunca se apresentam de forma pura – reúnem duas principais vantagens e desvantagens, no que tange à elaboração e implementação de políticas públicas:

a)                  No Pluralismo Democrático, se, por um lado, a articulação das demandas é demorada e mesclada por vários níveis de complexidade, a implementação torna-se mais fácil, pela melhor compreensão por parte dos agentes dos objetivos e metas a atingir, pela mais ágil arregimentação dos meios e pela mais imediata visualização dos resultados;

b)                 No Centralismo Democrático, a elaboração da política pública é mais rápida, pelo menor número e maior centralização dos agentes (decision-makers). Entretanto, sua implementação pode se tornar difícil e mesmo impossível, pelos entraves que, na fase de execução, podem ser opostos por aqueles que divergem da orientação central.

Finalmente, as políticas públicas, quanto a seu alvo, podem ser universalistas ou focalizadas.

Nas políticas públicas universalistas, o Estado tenta chegar a todos os cidadãos igualmente. Entretanto, em situações de restrições orçamentárias e vastas demandas, essas políticas não chegam a todos os cidadãos igualmente, e serviços e benefícios tendem a ser “capturados” pelos grupos com maior capacidade de mobilização ou maior representatividade nas instâncias de poder.

Acrescente-se a isso o fato de que os valores financeiros das dotações constantes da Lei Orçamentária Anual – LOA, só passam a existir, realmente, à medida que a receita prevista vai sendo realizada. Dessa forma, o Poder Executivo, por meio dos chamados “contingenciamentos”, controla a efetiva execução dos projetos previstos na LOA e das “emendas” ali inseridas pelos parlamentares. É, assim, no ano fiscal, que se acirra a luta dos diversos entes federativos pelos recursos previstos no Orçamento.

Além disso, a Constituição estabelece vários casos para liberação de créditos suplementares ou extraordinários, não objetivamente especificados na LOA, a qual se dá, pelo Executivo, a partir de uma interpretação “política” de sua efetiva necessidade.

Para reduzir as distorções provocadas pelo acesso privilegiado de determinados grupos aos recursos existentes, o governo pode adotar as chamadas políticas públicas focalizadas, aprovando dotações orçamentárias para o atendimento direto a grupos socialmente vulneráveis, como índios, mulheres, negros e pobres em geral.

Uma vez que se constituem de programas específicos, com dotação orçamentária bem definida, as políticas focalizadas têm mais chances de sobreviver a períodos de recuo nos gastos públicos, possuindo, também, melhores mecanismos de avaliação.

Baseado no exposto, poder-se-ia afirmar que, sob condições de boa gestão governamental, onde os negros em desvantagem sejam maioria, as políticas universalistas possibilitariam reverter a situação. Por outro lado, onde sejam minoria, as políticas públicas focalizadas apresentariam maior probabilidade de surtir efeito. O empoderamento de grupos de negros poderia equilibrar a correlação de forças, mantendo-se, então, o Pluralismo Democrático.

Mas, no Brasil, os fatos não se passam de maneira tão simples. Independentemente de a política pública ser universalista ou focalizada, de o processamento das demandas ser centralizado ou pluralista, há anos que essas ações não vêm surtindo efeito, principalmente para os negros. E, no curto prazo, não há perspectiva de se tornarem eficazes, seja por meio de ações afirmativas, reparações ou formas correlatas.

Cabe aqui, portanto, um exame das relações do negro com o Estado e a sociedade brasileira, isto é, da arena onde se articulam os interesses dos cidadãos.

Rodrigues (2000), em sua dissertação de mestrado “Brasil: Traços Comuns às Políticas Culturais do Governo Federal, entre 1937 e 1997” (FGV/RJ), apresentou as conclusões seguintes, que, de maneira geral, com a devida cautela, podem se estender à maioria das políticas públicas dos governos brasileiros de todos os tempos[5]:

  1. Ao longo dos 60 anos examinados, verificou-se que as dotações orçamentárias do Ministério da Cultura, sob todas as denominações que assumiu no período, destinaram-se, majoritariamente, à Preservação do Patrimônio Histórico (leia-se Igrejas, Monumentos e Parques Históricos), às Artes Plásticas, Artes Cênicas (há alguns anos caracterizadas pelo Teatro, em tempos modernos, Cinema) e Música Erudita (nos últimos anos, substituída, em parte, por projetos de MPB, elaborados por empresas especializadas e financiados por meio de renúncia fiscal em favor de fortes grupos econômicos);
  2. A liberação de grandes recursos deu-se mediante a ação de grupos de pressão e de interesses particulares com permanente capilaridade no âmbito governamental;
  3. Parcela significativa dos recursos foi liberada mediante clientelismo e advocacia administrativa, patrocinados por ministros, secretários-executivos e parlamentares;
  4. Nunca houve uma Política Cultural que assim pudesse ser definida. O planejamento sempre levou em conta as demandas sociais, dentro de um processo pluralista democrático, tendo os governos raramente buscado assumir autonomia para elaborar e implementar algo que pelo menos se assemelhasse a uma política.

Dentro de tais perspectivas, não é de admirar os infamantes e perenes índices de desigualdade, já que o desenvolvimento alcançado pelo país nunca se consubstanciou em efetiva transferência de renda para grupos sociais em desvantagem.

3.5       Três formas de avaliação de políticas públicas

Podemos avaliar uma política pública implementada, basicamente, a partir de três perspectivas: gerencial ou técnica, legal ou jurídica e política.

  • A perspectiva gerencial, ou técnica, dado que toda política desenvolvida deixa traços que permitem o estudo de seus impactos, trata de responder a considerações onde são colocados temas como a efetividade, eficiência e eficácia[6] de sua concepção e implementação;
  • A perspectiva legal, ou jurídica, baseia-se em critérios como a forma de acesso dos cidadãos aos programas, à validade dos atos administrativos seguidos e o respeito aos direitos, individuais e coletivos, das comunidades atingidas ou relacionadas com os programas;
  • A avaliação política dos programas e ações componentes de uma política pública abrange duas instâncias, uma particular e outra geral.

No plano particular, há que se pressionar os gestores para que explicitem os critérios que seguiram para inclusão ou não de certos indivíduos ou grupos (e mesmo cidade ou região) em determinado programa. Em caso de resultados não desejados, há que apenar também os responsáveis por sua elaboração ou fiscalização.

Numa instância mais geral da avaliação política, grupos prejudicados podem colocar em cheque a capacidade dos governos e da sociedade de estabelecer estratégias para solucionar problemas concretos.

Quando há falhas sob as três perspectivas, como mostram os dados aqui apresentados, entendemos que o problema se concentra no nível político de avaliação. E é no nível político , em sua abrangência mais ampla, que se dará a correção de rumos na busca de efetiva melhoria dos indicadores que situam a população negra brasileira em inaceitável desvantagem social.

Assim, nas Partes II e III, a seguir, são apresentados os elementos balizadores de uma luta eminentemente política.

Referências Bibliográficas – Parte I (itens 1, 2 e 3)

ALVES FILHO, Aluizio – A Ideologia como Ferramenta de Trabalho e o Discurso da Mídia. Comum – Rio de Janeiro – v.5 – nº 15 – p. 86 a 118 – ago/dez 2000.

CANETTI, Elias. Massa e Poder. 2ª edição, São Paulo: Melhoramentos; Brasília: Editora UnB, 1983.

CARVALHO, José Jorge. Inclusão Étnica e Racial no Brasil – A questão das cotas no ensino superior. 2ª edição, São Paulo: Attar editorial, 2006.

EAGLETON, Terry. Ideologia – Uma introdução. São Paulo: Boitempo Editorial, 1997.

FERREIRA. Francisco; LEITE, Phillippe & LITCHFIELD, Julie. The Rise and Fall of Brazilian Inequality: 1981 – 2004. The World Bank, 2006. Disponível em http://econ.worldbank.org Acesso em 15/06/2007.

FONSECA, Rodrigo Gerolineto. A Pedra e o Pálio – Relações Sociais e Cultura na Capitania do Piauí no Século XVIII. Dissertação de Mestrado. Teresina: UFPI, 2010. Disponível em HTTP://www.ufpi.br. Acesso em 25/02/2013.

HENRIQUES, Ricardo. Desigualdade Racial no Brasil: Evolução das Condições de Vida na Década de 90. Rio de Janeiro: IPEA, 2001.

JACCOUD, Luciana & BEGHIN, Nathalie. Desigualdades Raciais no Brasil – Um Balanço da Intervenção Governamental. Brasília: IPEA, 2002.

MARINHO, Alexandre & FAÇANHA, Luís Otávio. Programas Sociais: Efetividade, Eficiência e Eficácia como dimensões operacionais da avaliação. Brasília: IPEA, 2001.

RICARDO, David. Princípios de Economia Política e Tributação. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

RODRIGUES, Eustáquio J. Brasil: Traços Comuns às Políticas Culturais do Governo Federal entre 1937 e 1997. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

 



[1] O espaço temporal entre coleta, tratamento e análise de dados a partir de trabalhos esparsos, como foi o caso presente, mostrou-se relativamente longo. Assim, a abordagem aqui apresentada deve ser encarada apenas como retrato contemporâneo de uma situação que há séculos vem vitimando parcela expressiva da população brasileira. A atualização de gráficos, tabelas e análises poderá ser feita de forma mais tempestiva, a qualquer momento, por equipes interdisciplinares especificamente voltadas para a questão.

[2] São aqui considerados negros, ou afro-descendentes, os pretos e pardos, como autodeclarados nos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a partir de 1980.

 

[3] O Coeficiente de Gini, utilizado para o cálculo da desigualdade de renda num determinado grupo, assume valores de 0 a 1; o zero correspondendo à mínima desigualdade (onde todos possuem a mesma renda) e a unidade corresponde à máxima desigualdade (onde uma pessoa detém toda a renda e as demais nada têm).

 

[4] No grupo raça, são consideradas as desvantagens dos negros, onde se agregam os autodeclarados como pardos, pretos e índios, nos Censos Demográficos.

[5] Tal generalização é característica do método indutivo, ali utilizado. Por exemplo, Newton: “Esta maçã caiu sobre minha cabeça (é atraída para o centro da Terra); logo, todos os corpos são atraídos para o centro da Terra”. Diferentemente, o método dedutivo parte do geral para o particular. Exemplificando: “Todos os homens são mortais; Sócrates é homem, logo, Sócrates é mortal”.

[6] No uso corrente, a efetividade diz respeito à capacidade de se promover resultados pretendidos; a eficiência denotaria competência para se produzir resultados com dispêndio mínimo de recursos e esforços; e a eficácia, por sua vez, remete a condições controladas e a resultados desejados de experimentos, critérios que, deve-se reconhecer, não se aplicam automaticamente às características e realidade dos programas sociais. (Marinho e Façanha, 2001)

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